quinta-feira, 25 de novembro de 2010

I fell

A vida toda eu procurei, sonhei, imaginei e então eu
desisti dessa procura. Foi então, e só então, que eu
pude encontrar e soube que havia encontrado no
primeiro instante, naquele mesmo segundo. Desde então
eu percebi que algumas coisas nós só conseguimos
encontrar quando simplesmente não as estamos
esperando.Depois de ter encontrado eu suspirei, sonhei
novamente, imaginei outra vez e então eu fui
desiludida. Eu havia procurado com tanto afinco,
buscado com tanta perseverança. Sempre haviam
obstáculos, é claro, mas eu sempre tive certeza de que
aquilo era maior que qualquer pedra no caminho,
mesmo que essa pedra se parecesse mais com uma
montanha e, no final, os suspiros, sonhos e
imaginações foram substituidos por algo que até hoje
não sei descrever.Não foi um mero engano, nem apenas frustração. Foi
uma dor lancinante no fundo do peito. Não vou dizer
que era apenas como um punhal penetrando meu
coração, pois na verdade eu sentia (sinto) uma dor
excruciante em cada orgão do meu corpo. Nenhuma
parte de mim aceitava isso: meu estomago se retorcia,
meus musculos pareciam estar contraidos todo o
tempo, minha cabeça sugeria que iria explodir a
qualquer momento... E quanto a minha alma? Essa sim,
realmente estava em frangalhos. Piadas não tinham
mais graça, sair de dentro do quarto passou a ser
somente uma obrigação, meu travesseiro todos os dias
estava molhado pelo choro e algumas vezes as mangas
das minhas blusas de frio ficavam embebidas pelo
liquido escarlate que saia de pequenos fios provocados
em minha pele por afiadas lâminas ou bisturis.Eu encenava muito bem o papel de menina forte e
durona que superou tudo aquilo num piscar de olhos.
Ninguém parecia me ver sofrer, mas eu sei que se
alguém se interessasse o suficiente para me olhar
fundo nos olhos, perceberia que eles não tinham mais
brilho. Estavam opacos. Sem vida. Por que, na
realidade, eu sentia que a vida já havia me
abandonado e só o que restava aqui, nesse mundo, era
uma carcaça completamente dilacerada.Fingi retomar o controle de tudo. Fiz planos e voltei a
sorrir, mesmo que a cada plano ou a cada sorriso
aquela ferida se abrisse mais.Deu certo por ,talvez, uma semana, mas depois disso
eu desmoronei. Meu choro já não era mais reservado
apenas ao meu travesseiro e o semblante triste não
fazia mais parte só da decoração do meu quarto. Meus
colegas de trabalho tentaram de todas as formas me
animar, em vão. Minha mãe me perguntava por que eu
estava chorando, eu respondia e ela simplesmente se
virava para o lado sem saber o que me dizer.Antes, eu estava me sentindo no topo de algum lugar,
eu olhava para todos lá embaixo e sentia que eu era
uma pessoa de sorte. Mas como diz em meu filme
favorito, se você esta no topo da vida e tenta se
mover, você cai. Foi o que aconteceu comigo.Eu estive no auge das sensações boas e isso me
pareceu tão confortável que eu simplesmente relaxei e
quando eu fiz isso, simplesmente fui direto ao chão.
Sem direito a nenhuma escala no caminho para me
acostumar com isso. E quando, finalmente, cheguei ao
chão, o impacto havia sido demasiado forte para que
eu pudesse aguentar. Eu sucumbi e agora não tenho
mais forças para me levantar.Existe uma pessoa que tenta me ajudar, tenta me
ajudar a levantar e seguir adiante. Mas quando olho
pra essa pessoa eu me sinto culpada. Por que sei que
se eu deixar que ela me ajude, no final, ela pode
estar escrevendo palavras parecidas com as que escrevo
nesse momento. E, de toda e qualquer forma, acho
que nunca conseguiria ceder esse lugar a quem quer
que fosse, mesmo que eu tenha que passar a
eternidade sozinha.Tem mais... muito mais coisa que eu estou sentindo,
muito mais coisa que eu queria escrever aqui e poder
colocar para fora, mas quem disse que palavras
conseguem realmente expressar algum tipo de
sentimento, qualquer que seja ele?Talvez, se um dia alguém ler isso, pode se comover,
chorar, sentir pena, compaixão, me julgar uma
lunática, idiota ou simplesmente me achar
completamente melodramática. E quer saber? Não faz
diferença o que realmente vão pensar a meu respeito.Só eu sei o quanto essa dor toda tem me impedido de
viver. Só eu sei o quanto dói ainda viver, só eu sei o
quanto eu gostaria de poder dormir pela eternidade e
nunca mais sentir essa pontadas agudas que vão desde
meus pés até o meu cerebro. Mas o que são minhas
vontades? Meus sentimentos? São NADA. Exatamente
como foram tratados até agora.